Olá, prezados
leitores que tanto estimo! Estou de volta para dar continuidade ao meu (ao nosso)
estudo sobre os andantes, com base em observações que pude realizar ao longo da
vida e, também, em observações mais detalhadas que realizei ao longo de uma
semana. O capítulo de hoje traz relatos de algumas peculiaridades bem
interessante dessa espécie que não cansa de me surpreender. Avante, amigos!
Dr. Pombsovski
Capítulo 2:
Interação.
Como bem sabemos, os andantes são
criaturas sociais (muito mais do que nós). Eles dependem uns dos outros para
prosperar e perdurar, o que pode ser comprovado pelo fato de morarem em
comunidades de tocas, frequentemente carregarem outros andantes em seus casulos
móveis, necessidade de comunicação com outros andantes e vários outros motivos.
Grande exemplo dessa sociabilidade é a forma com que eles interagem: em várias
ocasiões pude notar um andante estender a pata para outro, este segundo
prontamente a pata do primeiro e fazendo movimentos para cima e para
baixo com sua pata. Já pude observar, também, um andante ir até outro com os
membros superiores abertos e fechando-os em torno de outro andante, que faz o
mesmo (aparentemente, esse é um tipo de interação conhecido e esperado por
ambas as partes). Ainda mais instigante é a forma com que andantes de sexos
opostos encostam o bico na face ou até mesmo no bico do outro andante.
Não posso afirmar com certeza os motivos
por trás desses comportamento que acabo de descrever, mas deduzo que cada um
tenha um efeito diferente. O encontro de patas provavelmente serve para
demonstrar que um confia suficientemnte no outro para descartar a possibilidade
deste carregar infecções mortais que possam ser transmitidas, assim estendendo
sua principal fonte de contato com o mundo externo (as patas superiores) a esse
outro andante. O movimento de cima-e-baixo funcionaria como uma forma de melhor
espalhar a infecção entre as partes, caso esta exista. Quanta confiança!
Encontro de troncos |
O encontro de troncos, como costumo
chamar, por sua vez, é ainda mais instigante. Qual motivo poderiam ter os
andantes para esfregarem seus troncos, justamente onde órgãos vitais de grande
importância são (provavelmente) encontrados, uns com os outros? Indo mais além,
por que eles ainda se fecham como um cadeado por um breve momento, impedindo o
desvencilhamento de ambas as partes? Minha hipótese é de que isto sirva para
compartilhar calor corporal. As peles dos andantes, por serem tão irregulares
(andantes mudam de pele diariamente, exibindo plumagens de cores variadas e que
cobrem diferentes partes do corpo por vez), provavelmente não dão conta de
mantê-los aquecidos durante todo o dia e por este motivo alguns andantes
compartilham calor corpóreo com outro andante conhecido (dado o alto risco do
ato) quando sente a necessidade de eliminar o déficit de aquecimento corporal.
Em relação às bicadas eu não consegui
chegar a uma hipótese única. No entanto, visto que as bicadas ocorrem somente entre
andantes de sexos opostos (pelo que eu pude observar, é possível que andantes do mesmo sexo também se biquem), seriam elas uma forma de
aproximação entre os andantes, de forma a aumentar a intimidade de um com o
outro? Indo mais além, seriam as bicadas uma forma de assegurar que aquele
indivíduo é o melhor parceiro para o acasalamento? Dúvidas sobram, certezas são
escassas, e assim caminha a ciência. Continuarei com minhas pesquisas a fim de
chegar a alguma conclusão mais convincente, amigos.
As bicadas podem ter outros usos desconhecidos, afinal |
No capítulo de hoje demonstrei algumas
das formas principais de interação física dos andantes e especulei os possíveis
e/ou prováveis motivos por trás de um deles, o que aponta diretamente para a
grande complexidade dessa espécie, algo que nós pombos não éramos capazes de
enxergar com uma clareza até hoje. Me sinto orgulhoso de mim mesmo, amigos. Mas
meu trabalho não para por aqui! No próximo capítulo vamos tentar entender o que
são os pedaços de papel que por algum motivo são mais importante para os
andantes do que os que papéis que vemos jogados pelo chão todos os dias em
grandes quantidades. Até lá, companheiros!